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duas mulheres sorridentes olhando para computador

Sustentabilidade

Bem-vindo ao mundo dos investimentos sustentáveis

Mercado de finanças sustentáveis dá os primeiros passos no Brasil, com novas regras e a categoria de fundos IS

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura8 minutos

20/04/2023 às 16:14

Atualizado em

20/09/2023 às 15:00

Por Gustavo Boldrini, do Broadcast

Muito se fala sobre o potencial do Brasil para atrair investimentos sustentáveis devido à riquíssima biodiversidade e por abrigar a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. Eis que surge um mercado focado em sustentabilidade na indústria de investimentos, que é a categoria de Fundos de Investimento Sustentáveis, ou Fundos IS.

Em pouco mais de um ano, já surgiram 30 fundos IS, segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), que fez essa classificação, em vigor desde janeiro de 2022. Esses fundos mal começaram a engatinhar e já somaram bilhões no primeiro ano: segundo a Anbima, o patrimônio líquido deles terminou 2022 em R$ 4,7 bilhões. Pode parecer pouco perto dos R$ 7,4 trilhões de patrimônio da indústria de fundos do Brasil no final do ano passado, mas já é um começo.

Além dos fundos IS, a Anbima também abriga outros tipos de fundos na temática ESG (sigla em inglês para meio ambiente, social e governança), mas que integram aspectos da sigla como parte de uma estratégia mais ampla, não como único critério. A quantidade de fundos ESG é menor que a dos IS, com 11 veículos de investimento ao final de 2022, somando R$ 1,5 bilhão de patrimônio.

Uma pesquisa da consultoria PwC prevê que fundos orientados por critérios de ESG devem atingir US$ 33,9 trilhões em ativos sob gestão até 2026. Desse montante, cerca de 58% devem vir de fundos da Europa, 31% da América do Norte e somente 0,6% da América Latina, segundo o levantamento (disponível em https://www.pwc.com/gx/en/financial-services/assets/pdf/pwc-awm-revolution-2022.pdf).

"O potencial de crescimento de produtos sustentáveis no Brasil é significativo, principalmente quando falamos no mercado de crédito de carbono e energia limpa", afirma Daphne Breyer, especialista em ESG da BB Asset, gestora do Banco do Brasil.

Alguns fundos de investimento estão atrelados a metas de redução das emissões de gases de efeito estufa e transição energética, por exemplo. A BB Asset possui hoje 12 fundos com objetivos sustentáveis, além de trabalhar com gestoras independentes em fundos espelho, que replicam a rentabilidade.

Primeiros passos

No Brasil, o mercado de finanças verdes está em estágio inicial. "As empresas brasileiras ainda são incipientes quanto às informações e práticas ESG relatadas nos seus Relatórios de Sustentabilidade", diz Daphne. Além disso, falta uma definição clara do que é um ativo verde. "Para se aproximar de mercados mais avançados em termos sustentáveis, como o europeu, o Brasil precisa ter uma taxonomia clara", diz Daphne.

Nesse sentido, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão que regula o mercado de capitais no Brasil, lançou em março de 2023 a Política de Finanças Sustentáveis, que busca aprimorar os métodos de divulgação e comunicação de atividades de sustentabilidade por parte das empresas brasileiras. Um dos pontos nesse trabalho da CVM é construir a taxonomia, ou seja, um conjunto de regras de classificação que defina o que é um ativo verde no mercado do Brasil.

Há também um conjunto de orientações da CVM referentes à agenda ESG via a Resolução CVM 80, um documento que dispõe sobre a divulgação de informações periódicas por partes de empresas e fundos de investimentos para reforçar a prestação de contas aos investidores. "A CVM entende que temas como controle de mudanças climáticas, preservação ambiental e agenda sustentável são transversais ao mercado de capitais", explica a autarquia.

Por se tratar de um tipo de investimento de mais longo prazo, as finanças sustentáveis podem ser vistas com ressalvas por parte de algumas empresas e analistas, que questionam a rentabilidade desses ativos, uma vez que os resultados podem demorar a aparecer.

No entanto, o mercado financeiro parece disposto a apostar nessa estratégia. Segundo levantamento global da EY, 78% dos investidores acreditam que as empresas devem realizar iniciativas ESG em seus negócios, mesmo que isso represente redução de lucro a curto prazo.

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