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Hora de vender? Confira a análise do 1T24 do ABC Brasil pelo BB-BI

Segundo analistas do BB Investimentos, o ABC Brasil entregou no 1T24 um resultado misto.

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura5 minutos

Atualizado em

10/05/2024 às 15:28


O ABC Brasil apresentou um resultado que consideramos misto no 1T24, com lucro líquido recorrente de R$ 223 milhões, equivalente a um ROAE de 15,1%. O resultado foi favorecido principalmente pela redução no custo do crédito, enquanto, negativamente, a margem financeira recuou em todas as modalidades, assim como a maior parte das linhas de receitas de serviços. A exceção foi por conta de mercado de capitais, que teve um primeiro trimestre atipicamente forte, e também auxiliou o resultado.

Momento

Estamos capturando sinais mistos vindos do ABC, o que, confessamos, pesa sobre a eventual manutenção da recomendação de compra que temos atualmente para o ativo. Começando pelos pontos positivos: em nossa visão, o principal alento reside no custo do crédito, que já havia atingido uma normalização a níveis históricos no 4T23, e que voltou a mostrar uma redução, embora marginal, a 0,4% da carteira de crédito expandida. Na sequência, o crescimento da carteira de crédito no segmento Middle, no 1T24 já mostrou reação, partindo da variação a/a de cerca de 2% no 4T23 para 7,7%, o que pode significar, de forma coordenada com a redução no custo do crédito, uma expansão da margem financeira, pela maior concentração no segmento mais rentável. Por fim, as receitas de mercado de capitais fortes no trimestre representam um atestado de que a iniciativa de investimentos na área possa de fato render mais e maiores frutos já no curto prazo.

Migrando para os aspectos negativos: a margem financeira mostra dinâmica fraca – o que é de certa forma esperado dada a correlação maior do ABC com a taxa de juros, que se encontra em queda. Isto é contrabalançado, justiça seja feita, com a redução do custo de crédito, o que acaba por deixar a margem líquida ajustada ao custo de crédito estável (3,3% no 1T24 – mesmo patamar de 2023 inteiro). Do lado dos custos, outrora vistos como benignos, pois o banco se encontrava na implantação de diversas iniciativas estruturantes, começam a parecer incômodos, uma vez anunciada a passagem desse momento de investimentos mais robustos. E o guidance de 2024 (crescimento na linha entre 9% e 14%) não aponta para uma acomodação – pelo contrário. Isto tende a manter o índice de eficiência elevado, e acaba frustrando a expectativa da concretização no curto prazo de um ABC capaz de entregar uma rentabilidade capaz de rivalizar com outros representantes do setor.

Unindo os pontos. Margem de difícil expansão aliada a custos estimados a se elevar não trazem muitos alentos, e acabam por sinalizar que uma melhoria na rentabilidade do ABC, neste contexto, deveria vir basicamente da combinação de dois fatores: crescimento da carteira de crédito concentrada em mix mais rentável (Middle), e expansão de receitas de serviços. Acontece que quanto ao primeiro ponto não apenas não temos capturado até o momento por parte do ABC um conforto pleno na aceleração do segmento Middle, como tal movimento significa correr mais risco, o que normalmente vem associado ao sacrifício do baixo custo do crédito. Lembrando que as safras recentes do Middle se mostraram não tão favoráveis, e que seu índice de inadimplência permanece em uma incômoda escalada. Além disso, a dinâmica de receitas de tarifas também não empolga, já que apesar da variação 1T24/1T23 mostrar expansão, o total de 2023 foi efetivamente menor do que 2022, e apenas 17% maior do que 2019.

Desempenho das ações

Mesmo com todos os percalços experimentados pelo ABC, que incluem o evento Americanas no início de 2023 e uma certa aridez no segmento corporativo que deste evento foi derivado, bem como os resultados menos do que empolgantes apresentados ao longo dos trimestres recentes, a ação de fato teve um desempenho bem acima do Ibovespa nos últimos 12 meses. Isto se deve, segundo nossa interpretação, a um conjunto de expectativas futuras melhores que o ABC sempre guardou.

Neste momento, dados os fatores que apresentamos, no entanto, acabamos vislumbrando poucos gatilhos positivos para a ação no curto prazo. É possível que indícios de uma confiança maior no crescimento venham no resultado do 2T, o que pode ajudar a trazer novo ânimo ao ativo.

Perspectivas

Refletimos muito antes de optar pela manutenção de compra ou o downgrade para recomendação neutra do ABC, já que estamos diante de dinâmicas persistentemente abaixo do limiar do otimismo. Em última análise sentimos que ao modificar a recomendação levando-se em consideração um resultado de notório impacto da sazonalidade poderíamos estar negando ao ABC o benefício da dúvida quanto ao desenvolvimento da estratégia de crescimento do banco prevista para 2024 confome o guidance anunciado, que foi mantido, e prevê de fato boa expansão da carteira de crédito.

Outro fator que foi levado em consideração foi o evento das enchentes no RS, que certamente trarão impacto aos negócios do ABC, e que levou suas ações a registrarem forte queda ao longo dos últimos dias. Em nossa visão, a julgar pela exposição do banco à região (5% do total da carteira de crédito e pouco mais de 400 clientes, embora de ticket médio inferior a outras regiões), na verdade nos encorajaram a manter a recomendação de compra, por hora, pois entendemos que a reação do mercado pode ter sido de algum exagero.

Preço-alvo e recomendação

Incorporamos os números do 1T24 ao valuation e apresentamos nosso novo preço-alvo de R$ 25,00 (antes R$ 25,10) para o final de 2024, o que representa um potencial de valorização de 14% com base no preço atual. Conforme salientado no parágrafo acima, depositando o benefício da dúvida, ponderando as quedas recentes da ação, mas ainda levando em consideração: a rentabilidade ao menos em linha ou ligeiramente acima do custo de capital próprio, bem como premissas de crescimento bastante modestas utilizadas no valuation, que ainda assim nos apontam para um preço justo com certo upside, mantemos, nesse momento, a recomendação de Compra.

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Este é um relatório público e foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. (“BB-BI”). As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes, em princípio, fidedignas e de boa-fé. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não sejam incertas ou equivocadas, no momento de sua publicação, o BB-BI não garante que tais dados sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade dessas informações. Todas as opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e derivam do julgamento de nossos analistas de valores mobiliários (“analistas’), podendo ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio, em função de mudanças que possam afetar as projeções da empresa, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Quaisquer divergências de dados neste relatório podem ser resultado de diferentes formas de cálculo e/ou ajustes. O Disclaimer completo encontra-se no relatório.

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