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Tenda (TEND3) 1T24: positivo; primeiro trimestre a apresentar lucro líquido desde 3T21.

A companhia parece ter deixado o pior momento de seus resultados para trás, retornando ao ponto de lucratividade após 9 trimestres no vermelho.

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura4 minutos

Atualizado em

27/05/2024 às 16:57


A Tenda apresentou resultados operacionais pujantes, em nossa opinião. Houve aceleração nas Vendas Líquidas, tanto na base mensal como anual, atingindo R$ 964,8 milhões (+14,5% t/t, +57,9% a/a). Sua subsidiária Alea, que opera a linha de construção pré-fabricada em madeira, chegou a R$ 80,7 milhões em vendas no trimestre, o que elevou sua participação para 8,4% das vendas consolidadas no período (+1,8 p.p. t/t, +6,6 p.p. a/a). Além disso, a companhia conseguiu dar sequência no repasse de preços, com o preço médio consolidado por unidade chegando a R$ 210,9 mil (+2,4% t/t, +8,8% a/a).

Foi reportado também melhora na estrutura de capital, com a Dívida Líquida sobre o Patrimônio Líquido caindo a 39,5% (-13,9 p.p. t/t, -72,1 p.p. a/a). A geração de caixa operacional também merece destaque, encerrando o trimestre aos R$ 155 milhões, revertendo a queima de caixa líquida de R$ 38,4 milhões nos três primeiros meses de 2023.

Dessa maneira, a Tenda entregou um lucro líquido de R$ 4,4 milhões no 1T24, primeiro trimestre no campo positivo da companhia desde o 3T21, o que pode marcar o fim de um período bastante penoso para a empresa, superando os desafios do pós pandemia.

Desempenho das ações

As ações da Tenda recuam mais de 12% em 2024 (até ontem, 8), e mesmo sentido efeitos da recente abertura de curva de juros doméstica ao longo do mês de abril, com impactos significativos nas ações das principais companhias do setor, permanece acumulando alta superior a 70% nos últimos 12 meses. Vale lembrar que a companhia passou por um período de resultados operacionais pressionados em função da súbita elevação de custos durante a pandemia do Covid-19, pesando sobre sua precificação, mas a recente melhora nas operações e a situação de equilíbrio da estrutura de capital vem conduzindo novamente o preço de suas ações para um patamar mais próximo do que entendemos como coerente.

Perspectivas

Permanecermos com boas expectativas em relação aos negócios da companhia, que além de apresentar substancial melhora em sua operação, conta com um cenário de incentivos ao Faixa 1 do programa Minha Casa Minha Vida, que traz (i) a implementação da redução da alíquota tributária para empreendimentos contemplados nessa faixa do programa por meio do RET1; e (ii) a aprovação da possibilidade de utilização de créditos futuros no FGTS para composição de renda dos trabalhadores no financiamento imobiliário, o que deve melhorar os níveis de demanda pelos produtos da companhia nos exercícios seguintes. Vale lembrar que empreendimentos para o público de baixa renda (como é o caso do Faixa 1 do programa) constituem o principal foco da companhia, que deve ser uma das principais beneficiadas pelas medidas dentro do grupo de incorporadoras listadas.

Dessa forma, e tendo em vista a percepção de redução das pressões sobre os resultados da companhia, que retornou ao patamar de lucro líquido após 9 trimestres de reporte de prejuízos, permanecemos nossa recomendação de Compra com preço-alvo em R$ 17,00 para o final de 2024.

Destaques Operacionais e Financeiros

A Tenda lançou 13 novos empreendimentos no trimestre, totalizando R$ 763,2 milhões (-33,9% t/t e +54,8% a/a), contando com um repasse de preços consistente, com o preço médio por unidade chegando a R$ 214,4 mil (+9,2% t/t e +12,9% a/a).

As vendas consolidadas apresentaram movimento semelhante, com as vendas líquidas atingindo R$ 965 milhões (+14,5% t/t e +57,9% a/a), contando ainda com uma redução nos níveis de distratos, que representaram 10,6% das unidades brutas vendidas (-2,4 p.p. t/t, -7,6 p.p. a/a). Dessa maneira, houve um aumento na velocidade de vendas, com a VSO Líquida chegando a 30,4% (+4,3p.p. t/t e +6,0 p.p. a/a).

Com um operacional forte, a Receita Líquida consolidada somou R$ 744,9 milhões (-1,3% t/t e +14,4% a/a), levando a um Lucro Bruto de R$ 182,8 milhões (+8,9% t/t e +37,6% a/a), e refletindo em uma Margem Bruta de 24,5% (+2,3 p.p. t/t e +4,2 p.p. a/a) no 1T24.

As despesas com pessoal (SG&A) foram de R$ 118 milhões (+6,3% t/t e +38,8% a/a), em linha com o trimestre anterior, mas significativamente mais elevadas na comparação anual, em função de uma reversão na provisão de bônus em 2022 que foi reportada no 1T23, gerando uma leve distorção na comparação de 12 meses. Analisando isoladamente as despesas com vendas, estas atingiram R$ 63,8 milhões, (-9,9% t/t e +33,1% a/a), e evidenciam que a estrutura de despesas da companhia vem se mostrando comportada dentro da variação média histórica. Assim, o EBITDA ficou em R$ 68,8 milhões no 1T24, bastante superior às comparações trimestrais e anuais (+109,8% t/t, +93,3% a/a), contribuindo com nossa expectativa de retomada da rentabilidade nos próximos trimestres.

O Resultado Financeiro foi negativo em R$ 53,6 milhões, estável na visão anual, mas piora na comparação trimestral (+63,6% t/t), justificada, principalmente, por aumento na rubrica de despesa financeira cessão de carteira, em função de um maior volume cedido em relação ao trimestre anterior.

Mesmo com o avanço dos impactos no Resultado Financeiro, a Tenda entregou um lucro líquido de R$ 4,4 milhões, que embora modesto, é primeiro lucro líquido em um trimestre desde meados de 2021, encerrando uma sequência de 9 resultados no campo negativo. No consolidado anual, considerando a melhora operacional, as substituições de dívidas mais onerosas e o follow-on ocorrido em 2023, o indicador Dívida Líquida por Patrimônio Líquido recuou para 39,5% (-13,9 p.p. t/t, -72,1 p.p. a/a), indicando uma expressiva melhora na estrutura de capital da companhia, o que reforça que as pressões que vinham impactando os resultados da Tenda nos últimos anos parecem estar próximas do fim.

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