BIS propõe tokenização como futuro do sistema monetário, mas alerta para riscos das stablecoins
Publicado por: Broadcast Notícias
4 minutos
Atualizado em
24/06/2025 às 17:09
Por Pedro Lima
São Paulo, 24/06/2025 - O Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês) divulgou um relatório que traça o caminho para a próxima geração do sistema financeiro, com a tokenização no centro das transformações. O documento destaca que a tokenização, processo de registrar ativos reais ou financeiros em plataformas programáveis, pode "melhorar o antigo e habilitar o novo", especialmente em pagamentos transfronteiriços e mercados de títulos.
O BIS defende que a tokenização de reservas de bancos centrais, moedas de bancos comerciais e títulos públicos em um "registro unificado" pode formar a base de um sistema financeiro mais eficiente. "Sua potencialidade está na capacidade de integrar operações de dinheiro e outros ativos em uma única plataforma", afirma o relatório.
No entanto, o documento é crítico em relação às stablecoins. Para o BIS, embora prometam estabilidade, as stablecoins "falham nos três testes-chave para ser o pilar do sistema monetário: singularidade, elasticidade e integridade". O BIS alerta que essas moedas digitais lastreadas em ativos não garantem a paridade de valor, não oferecem liquidez sob demanda e são vulneráveis a crimes financeiros.
O relatório também destaca preocupações geopolíticas: mais de 99% das stablecoins são lastreadas em dólar, o que pode levar a uma "dolarização silenciosa" em economias emergentes, ameaçando a soberania monetária. Além disso, seu crescimento pressiona os mercados de títulos seguros, como os Treasuries dos EUA.
Como solução, o BIS propõe que bancos centrais liderem a inovação, fornecendo reservas tokenizadas e regulamentando a adoção de tecnologias como inteligência artificial (IA) para combater lavagem de dinheiro. Projetos como Agorá e Pine, desenvolvidos pelo BIS, já testam a tokenização de títulos públicos e operações de política monetária.
"O sistema monetário pode se transformar em uma próxima geração construída sobre bases confiáveis ou reaprender as lições históricas sobre os limites do dinheiro privado", conclui o relatório, enfatizando o papel central dos bancos centrais nessa transição.
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