ESG: 92% dos grandes investidores temem que políticas prejudiquem resultados de curto prazo
Publicado por: Broadcast Exclusivo
6 minutos
Atualizado em
17/04/2025 às 16:39
Por Fabiana Holtz, do Broadcast
São Paulo, 17/04/2025 - Nos últimos anos, investidores institucionais têm se mostrado mais preocupados com a agenda ESG, sigla em inglês para Meio Ambiente, Social e Governança. Porém, ainda há uma lacuna entre o que se fala e o que se coloca em prática, e também incertezas sobre os impactos dessas políticas nos resultados corporativos.
Uma pesquisa recente da consultoria EY com 350 membros de grandes fundos de investimentos globais detectou que 92% dos participantes temem que as iniciativas ESG prejudiquem o desempenho das empresas no curto prazo.
Segundo o levantamento, 88% dos investidores aumentaram o uso de informações ESG e 85% consideram que o chamado "greenwashing" e declarações enganosas sobre o desempenho de sustentabilidade das empresas representam um problema cada vez maior.
Curto prazo versus longo prazo
Combinados, os dados revelam que ainda há incertezas entre os executivos quando se trata de analisar o desempenho de curto prazo aliado aos benefícios de longo prazo.
"Essa equação entre longo e médio prazo sempre esteve presente no dia a dia dos executivos, e não apenas sobre sustentabilidade. E quando falamos dessa agenda, as mudanças como transição energética e descarbonização só são possíveis a longo prazo, mas precisam existir", observa Ricardo Assumpção, sócio líder de Sustentabilidade e ESG para a América Latina e diretor de Sustentabilidade da EY.
Segundo Assumpção, não existe uma fórmula pronta para equilibrar isso. Ele recorda ainda que também é preciso considerar nesse contexto as questões macroeconômicas e políticas.
A questão da transparência de dados referentes à agenda ESG também é recorrente no levantamento. Existe entre especialistas a visão de que é preciso aprimorar os relatórios de sustentabilidade corporativa, que municiam os investidores com mais informações para orientar sua tomada de decisão.
Assumpção reconhece que, nesse quesito, o Brasil se destaca. A partir de 2027, todas empresas de capital aberto do País serão obrigadas a apresentar relatórios de sustentabilidade, conforme prevê a resolução 193 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Restrições e tarifas
Ao se incluir o contexto macroeconômico no universo da pesquisa, os principais fatores que surgem como potenciais problemas para o desempenho e o ciclo de negócios na visão dos investidores consultados são restrições e tarifas comerciais (62%), custo de capital (53%) e custo e disponibilidade de mão de obra (50%).
Mesmo assim, 55% afirma que o impacto das mudanças climáticas afetará de forma aguda ou substancial suas estratégias de investimento no curto prazo.
Para o executivo da EY, os números mostram que não existe uma coisa separada da outra. "A sustentabilidade é transversal aos negócios da empresa e precisa ser considerada nas tomadas de decisão. Hoje, isso já é mais compreendido pelos c-levels e a tendência é que essa transversalidade seja cada vez mais fluida", explica.
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