Vale (VALE3) Produção e Vendas 1T25: produção de minério de ferro impactada por chuvas e forte desempenho em cobre e níquel; novo preço-alvo 2025e
A Vale reportou queda na produção de minério de ferro na comparação anual, em razão dos elevados níveis de chuvas que penalizaram as operações do Sistema Norte
Publicado por: Análise BB
4 minutos
Atualizado em
16/04/2025 às 17:56
Na noite de ontem (15), a Vale publicou o Relatório de Produção e Vendas do 1T25 em que reportou queda na produção de minério de ferro na comparação anual, em razão dos elevados níveis de chuvas que penalizaram as operações do Sistema Norte. O recuo já era esperado, mas os volumes de produção vieram ainda abaixo de nossas estimativas. Em relação volume de vendas, os finos de minério de ferro tiveram incremento de 8% a/a para 56,8 Mt, suportados pela comercialização dos estoques formados em trimestres anteriores, mas a venda de pelotas retraiu 18,8% a/a, para 7,5 Mt. Segundo a companhia, dadas as condições de mercado de desaquecimento da atividade chinesa, tem sido priorizada a oferta de produtos de teor médio de ferro, em linha com a estratégia de manter o portfólio flexível para maximizar valor por meio do mix de produtos mais adequado para cada cenário.
Em termos de realização de preço, a média foi de US$ 90,8/t para finos (ante US$ 93,0/t no 4T24) e de US$ 140,8/t para pelotas (ante US$ 143,0/t no 4T24), refletindo os menores prêmios no período, que ficaram em US$ 1,8/t (ante US$ 4,0/t no 4T24).
Por outro lado, no negócio de Metais para Transição Energética, houve incremento de 11% a/a tanto na produção de cobre como de níquel, para 81,9 kt e 39,5 kt, respectivamente, refletindo o forte desempenho de todas as operações no período, e ficaram acima de nossas estimativas.
Com relação às vendas, o volume de níquel teve incremento de 17,5% na comparação anual, para 38,9 kt, mas ficou abaixo de nossa estimativa e do volume de produção deste trimestre devido à formação de estoques para a parada programa para manutenção no 2T25. O preço médio realizado ficou em US$ 16.106/t (- US$ 57/t no 4T24), seguindo o movimento das cotações da commodity no período. No cobre, as vendas totalizaram 81,9 kt (+6,6% a/a), e o preço médio realizado reduziu 3,2% em relação ao 4T24 para US$ 8.891/t, devido ao timing de precificação final das vendas.
A Vale divulgará os resultados do 1T25 em 24/04, após o fechamento do mercado.
Resumo

Revisão de preço
Revisamos nosso modelo financeiro da Vale, incorporando os dados do relatório de produção e vendas do 1T25, bem como dos últimos resultados e premissas atualizadas, incluindo os seguintes preços de minério de ferro:

Conforme comentamos em nosso último Relatório Setorial de Siderurgia e Mineração, a guerra tarifária entre Estados Unidos e China trouxe ainda mais incertezas sobre o cenário para o setor e poderá alterar significativamente a dinâmica de comércio global em uma escala ainda desconhecida.
Apesar dos estímulos do governo chinês para impulsionar o consumo no país, permanece a dúvida se tais medidas serão suficientes para sustentar o crescimento da economia chinesa este ano, principalmente diante do potencial impacto das medidas tarifárias nas exportações do país a partir deste ano.
Nesse contexto, as incertezas com relação ao nível de demanda de minério de ferro são tão grandes, que a principal instituição referência do setor, World Steel Association, postergou a divulgação de suas projeções de demanda global de aço programada para o início de abril para um momento oportuno. Assim, dada a baixa visibilidade com relação ao fim da escalada tarifária entre Estados Unidos e China, bem como dos possíveis movimentos de outros países (retaliações ou acordos) em suas políticas comerciais, dos desdobramentos na dinâmica global de comércio exterior e, consequentemente, impactos no setor, optamos por rebaixar a recomendação de VALE3 para Neutra (antes Compra).
Apesar de ainda não contemplarmos, na revisão atual de nosso modelo, alterações significativas dos volumes de produção e vendas projetados para a Vale nos próximos anos, enxergamos maior probabilidade de alterações baixistas do que altistas de lucros à frente, o que se refletirá negativamente no valuation tão logo elas sejam incorporadas.
Tese de investimento
(i) Demanda de minério na China relativamente equilibrada no curto prazo e elevação do consumo de minério de alta qualidade no médio e longo prazo
(ii) manutenção dos preços de minério de ferro em patamar que proporcione rentabilidade atrativa à Vale no curto prazo e elevação dos prêmios de qualidade no médio e longo prazos
(iii) demanda crescente de metais básicos nos próximos anos suportando os preços, em linha com a continuidade do movimento de transição energética
(iv) avanços em governança, ESG e segurança das operações
(v) rentabilidade operacional atrativa e forte geração de caixa, proporcionando retornos via dividendos
Riscos
(i) Atividade industrial global em ritmo mais lento que o esperado, com chances de recessão global; e desaceleração mais forte da economia na China nos próximos anos
(ii) queda significativa nos preços internacionais de minério, abaixo de nossas estimativas
(iii) aumento na oferta global de minério além do esperado, desequilibrando a relação oferta x demanda
(iv) incrementos substanciais de custos de produção
(v) revisões de guidances e/ou falha em proceder com sua estratégia para a Vale Base Metals
(vi) novos eventos de rompimento de barragem e/ou perda de licenças que impactem as operações
Valuation
Nosso modelo financeiro utiliza a metodologia de Fluxo de Caixa Descontado para a Firma (FCFF), cujas principais premissas e resultados estão resumidos abaixo:


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