mãos segurando grãos em frente plantação agro

BB-BI analisa a SLC Agrícola sob a ótica do crédito privado

Análise de emissores de crédito privado

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

09/04/2025 às 15:45


A SLC Agrícola foi fundada em 1977 e é, atualmente, uma das maiores produtoras de commodities agrícolas do país. Com sede no Rio Grande do Sul, a empresa possui cerca de 733 mil hectares de área plantada em 23 unidades de produção para o cultivo de soja, algodão e milho distribuídas em sete estados brasileiros (Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Bahia, Piauí e Minas Gerais). Adicionalmente aos produtos tradicionais cultivados pela SLC Agrícola, a companhia também vem investindo na criação de gado no modelo integração lavoura-pecuária (ILP) e na produção e comercialização de sementes de soja e algodão sob a marca SLC Sementes. Tendo realizado a sua abertura de capital em 2007, suas ações (SLCE3) compõem alguns dos principais índices da B3, como IBOVESPA, IBRX100, ICO2 e ISE.

A estratégia de crescimento da companhia consiste em crescer em área de produção, seja via aquisição de terras, seja via arrendamento de terras de terceiros e investir em tecnologia visando aumentar a produtividade de cada hectare plantado, além de seguir expandindo o negócio de sementes. Para a safra 2024/25, a SLC Agrícola ampliou sua área plantada em 10,6% ante a safra anterior e, para a safra 2025/26, a companhia divulgou uma nova ampliação de 13,7% de área cultivada.

Apesar do resultado operacional de 2024 ter sido fraco, em razão da quebra de produtividade e queda nos preços das commodities, a companhia tem como característica sua forte geração de caixa operacional, que tem permitido manter uma boa velocidade de crescimento combinada com uma alavancagem financeira controlada. Ao final de 2024, a relação Dívida Líquida/EBITDA¹ atingiu 1,8x.

Contexto operacional recente e análise financeira

O cenário para o agronegócio brasileiro vem mostrando contornos positivos para o ano corrente. No caso da soja, principal grão produzido no Brasil, é estimado o atingimento de uma safra recorde que supera as expectativas iniciais, com recuperação da produtividade perdida na safra anterior. Somado a isso, observamos que o prêmio cobrado no Porto de Paranaguá fechou o mês de fevereiro positivo e no maior valor para esse mês desde 2022. Esse é um dado que “salta aos olhos” considerando que, em plena época de colheita, os altos estoques costumam pressionar os prêmios para baixo. No caso do milho, um relatório divulgado pelo USDA no final do mês de fevereiro levou a um pequeno recuo da cotação do grão em dólares, com as estimativas iniciais de intenção de plantio pelos produtores norte-americanos sinalizarem crescimento da área destinada ao milho e redução da área destinada à soja. Ainda assim, é esperado que a relação estoque e uso mundial mantenha-se pressionada nos próximos anos, diante da alta demanda pelo grão para produção de ração animal e de etanol. Some-se a isso o câmbio atualmente em patamar bastante favorável para os exportadores e o atual conflito comercial envolvendo os Estados Unidos e a China, grandes players mundiais de produção e consumo de commodities agrícolas, e enxergamos um cenário promissor para os resultados da SLC Agrícola em 2025.

No ano de 2024, a companhia reportou queda de 14,5% a/a da receita líquida, impactada negativamente pela quebra da produtividade da soja e do milho em função dos efeitos do El Niño, combinado com uma queda nos preços dessas commodities. O fraco desempenho dessas duas commodities foi compensado parcialmente pelo aumento das exportações de algodão, apesar de também ter sofrido com queda de produtividade pelos mesmos motivos já citados. Eventos climáticos também impactaram nos custos por hectare, com a necessidade de replantar soja em algumas áreas, além da migração para outras culturas, como algodão. A combinação da retração do lucro bruto em 12% a/a e do aumento das despesas operacionais em 16% a/a, em virtude principalmente do maior volume faturado de algodão, levou a margem EBITDA Ajustada a atingir 29,4%, queda de 8,0 p.p. a/a. A piora do resultado operacional também impactou o lucro líquido, o qual ainda sofreu com maiores despesas financeiras. Com isso, o lucro líquido somou R$ 482 milhões, queda de 49% a/a. Apesar da piora do resultado de 2024, a companhia seguiu com forte geração de caixa livre, com a geração de caixa operacional sendo mais do que o suficiente para a realização de investimentos no período. Além disso, a companhia reduziu o seu ciclo financeiro em 47 dias em relação ao ano de 2023.

Em relação à sua alavancagem financeira, a SLC Agrícola finalizou o ano com um endividamento bruto de R$ 5,6 bilhões, dos quais 30% são devidos no curto prazo, enquanto a Dívida Líquida somou R$ 3,7 bilhões, alta de 28% a/a. A elevação da dívida líquida combinada com a retração do EBITDA do período fez com que a companhia reportasse uma relação Dívida Líquida/EBITDA de 1,8x. Apesar de superior ao observado em 2023, a DL/EBITDA ainda está bastante distante do limite de 4,0x estabelecido em covenant financeira. Além disso, a relação EBITDA/Despesa de juros finalizou o ano em 1,3x, enquanto seu índice de liquidez foi de 1,2x, com o caixa sendo mais do que o suficiente para fazer frente às obrigações de curto prazo.

Disclaimer

Este é um relatório público e foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. (“BB-BI”). As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes fidedignas e de boa-fé, tendo sido tomadas medidas razoáveis para assegurar sua exatidão no momento de publicação. Contudo, o BB-BI não garante que tais dados sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade dessas informações. Todas as opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e derivam do julgamento de nossos analistas de valores mobiliários (“analistas’), podendo ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. O BB-BI não garante o lucro e não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas nesse material, que tem por finalidade apenas informar e servir como instrumento que auxilie a tomada de decisão de investimento, não devendo ser interpretado como material promocional, recomendação, oferta ou solicitação de oferta para comprar ou vender quaisquer títulos e valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. Investimentos nos mercados financeiros e de capitais estão sujeitos a riscos de perda superior ao capital investido. A rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Nos termos do art. 22 da Resolução CVM 20/2021, o BB-BI, em conjunto com o Conglomerado Banco do Brasil S.A. (“Grupo”), declaram que (i) podem ser remunerados por serviços prestados ou possuir relações comerciais com a(s) empresa(s) analisada(s) neste relatório ou com pessoa natural ou jurídica, fundo ou universalidade de direitos, que atue representando o mesmo interesse dessa(s) empresa(s); (ii) podem possuir participação acionária direta ou indireta, igual ou superior a 1% do capital social da(s) empresa(s) analisada(s), e poderão adquirir, alienar ou intermediar valores mobiliários da(s) empresa(s) no mercado.

Quer dar uma nota para este conteúdo?

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência e personalizar os conteúdos de acordo com a nossa Política de Privacidade.