carne bovina grelhada

BB-BI analisa a BRF sob a ótica do crédito privado - Junho/2025

Análise de emissores de crédito privado

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

04/06/2025 às 15:13


A BRF nasceu da combinação de negócios entre a Sadia e a Perdigão em 2009 e tem por atividade a produção e venda de produtos alimentícios in natura e processados de aves e suínos, além de margarinas. A BRF também comercializa produtos contendo carne bovina, sendo a matéria-prima fornecida pela Marfrig, sua controladora desde novembro/23. Atualmente, é uma das maiores produtoras mundiais de proteína animal, tendo sido responsável por 10% do comércio mundial de aves em 2024, de acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Está presente em mais de 120 países, sendo cerca de 48% de sua receita proveniente do mercado interno (Brasil), 48% do mercado internacional (em que se destacam Arábia Saudita, Turquia e China) e 4% proveniente dos negócios de Ingredientes e pet food.

A estratégia da companhia consiste em realizar investimentos focados no aumento da capacidade de produtos processados nas plataformas de produção no Brasil e no exterior e aumentar a diversificação de mercados. Sobre esse último aspecto, vale pontuar que, só em 2024, a BRF conquistou 84 novas habilitações para exportação, adquiriu participação na Addoha Poultry Company, umas das principais produtoras de frango da Arábia Saudit, e anunciou investimentos em sua primeira fábrica de processados na China.

Ainda em 2024, como fruto do trabalho realizado desde 2022 com foco em eficiência operacional e disciplina financeira, bem como usufruindo de um ciclo positivo para a carne de frango, a BRF reportou EBITDA recorde e a maior geração de caixa livre da sua história. Isso permitiu que a companhia reduzisse sua alavancagem financeira que, ao final do 1T25, era equivalente a 0,6x o EBITDA dos últimos 12 meses.

Contexto operacional recente e análise financeira

Os dados dos primeiros quatro meses do ano indicam para uma leve retração na produção de carne de frango e suína combinada com forte crescimento das exportações, o que tem pressionado a disponibilidade interna e mantido os preços em patamares interessantes para a rentabilidade. Com isso, a margem bruta do produtor tem vindo superior na comparação anual e tem sido mais do que o suficiente para compensar a elevação dos custos na mesma base comparativa.

Entendemos que o cenário deve se manter positivo para os frigoríficos ao longo de 2025, apesar de a detecção de um caso de gripe aviária em 16/mai, no município de Montenegro – RS, gerar um percalço no curto prazo. Sobre esse aspecto, pontuamos ter sido decretada emergência zoosanitária pelo Ministério da Agricultura (“Mapa”), o que implicou na suspensão da exportações de carne de frango por diversos países. A partir do dia 22/mai, com a conclusão da desinfecção, a área entrou em vazio sanitário de 28 dias, prazo necessário para o foco ser considerado concluído e o Brasil retomar o status de livre de gripe aviária junto à Organização Mundial de Saúde Animal (“OMSA”). Esse caso isolado de gripe aviária no Brasil pode impactar os resultados do 2T25 da BRF negativamente, com retomada dos bons resultados nos trimestres seguintes, após a flexibilização das exportações de carne de frango.

A conjuntura econômica favorável do setor de proteína de aves e suína ao longo de 2024 e no 1T25, combinada com os esforços envidados para aumentar a eficiência das suas operações, permitiu à BRF entregar resultados sólidos nos últimos 12 meses findos em março/25, com especial destaque para a geração de caixa livre de R$ 8,1 bilhões e redução da dívida líquida em 67% em relação à 2023. Seu endividamento bruto somou R$ 19,9 bilhões, sendo 10% dos vencimentos concentrados no curto prazo. Seu endividamento conta, atualmente, com prazo médio de 8,1 anos e custo médio de 8,4% a.a.. Sua alavancagem financeira caiu pelo 7º trimestre consecutivo, com a dívida líquida atingindo 0,6x o EBITDA UDM*, menor patamar histórico registrado. Vale lembrar, também, que a companhia não possui covenants financeiros atrelados à dívida. Por fim, destacamos que o Conselho de Administração da BRF aprovou sua incorporação pela Marfrig, o que a tornará uma subsidiária integral desta última mediante a entrega aos acionistas da BRF de ações ordinárias de emissão da Marfrig na proporção de 0,8521 ação ordinária da Marfrig para cada 1 ação detida pelo acionista da BRF, bem como a distribuição de R$ 3,5 bilhões em dividendos e/ou juros sobre capital próprio pela BRF e R$ 2,5 bilhões pela Marfrig, a ser deliberado após o pagamento do exercício do direito de retirada de eventuais acionistas dissidentes. Com isso, as ações da BRF e da Marfrig não serão mais negociadas na bolsa de valores e será criada a empresa MBRF Global Foods.

O movimento societário ora em curso tem como objetivo criar uma empresa global de alimentos com base em uma plataforma multiproteínas, forte presença nos mercados doméstico e internacional e criação de sinergias operacionais, financeiras e estratégicas. Sobre esse aspecto, as companhias identificaram sinergias que incluiriam (i) redução de custos no montante de R$ 485 milhões por ano, em função de aceleração de oportunidades de cross-selling (venda cruzada) e sinergias na cadeia de suprimentos; (ii) redução de despesas no montante de R$ 320 milhões por ano, decorrente de sinergias em estrutura comercial, logística e corporativa, e (iii) otimização fiscal no montante de R$ 3 bilhões a valor presente líquido. Para saber mais sobre a BRF, seu setor de atuação e resultados recentes, acesse os relatórios resultado do 1T25 e o setorial de Agro, Alimentos e Bebidas.

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