BB Digital Week: Setor bancário está na vanguarda de uso da IA, dizem especialistas
Publicado por: Broadcast Exclusivo
5 minutos
Atualizado em
30/10/2024 às 09:30
Por Gustavo Boldrini, do Broadcast
São Paulo, 29/10/2024 - O investimento dos bancos brasileiros em tecnologia deve atingir R$ 47,4 bilhões neste ano, segundo pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O montante é um retrato do peso que o setor financeiro tem dado à inovação, em especial ao desenvolvimento de ferramentas de Inteligência Artificial (IA).
O modo como a IA vem redefinindo as perspectivas dos negócios, em especial do setor bancário, foi o destaque de um dos painéis do primeiro dia do BB Digital Week 2024.
Participaram da mesa a diretora de inovação em tecnologia bancária e segurança cibernética da Febraban, Carolina Sansão, a vice-presidente da Cloudera para a América Latina, Rubia Coimbra, e o presidente da IBM Brasil, Marcelo Braga. O debate foi mediado por Marisa Reghini Ferreira Mattos, vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia do Banco do Brasil.
Muito antes do surgimento do ChatGPT e da onda de popularização da IA generativa, o setor bancário já falava sobre possíveis usos da inteligência artificial em seus negócios, lembrou Carolina Sansão, da Febraban. Segundo ela, isso possibilitou às instituições financeiras saírem na frente na busca pela tecnologia.
"Os bancos discutem IA há mais de 10 anos, não é uma tecnologia nova para o setor. Lá atrás as discussões eram pautadas em dados, na entrega de melhores serviços ao cliente, personalização de ofertas. Bancos estão e sempre estiveram na vanguarda quando falamos de tecnologia e entrega de serviços e produtos", afirmou.
No caso da IA generativa, um ramo da inteligência artificial que foca na criação de conteúdo novo a partir de padrões de dados, tem ocorrido um movimento diferente do que aconteceu com outras tecnologias anteriores, como destacou Marisa Reghini, do BB. E essa diferença se dá no papel crucial adquirido pelos usuários no desenvolvimento da própria tecnologia.
"A IA inverteu a lógica de adoção da tecnologia. Todo mundo começou a usar, muitas vezes sem perceber, e isso passou a demandar as áreas de tecnologia das empresas. Antes éramos nós [do setor de tecnologia] que descobríamos as tecnologias novas e sugeríamos ao público, agora é o público que demanda essas funcionalidades", comentou a executiva do BB, destacando que o setor financeiro tem utilizado a IA com força na detecção de fraudes e automação de processos.
Riscos da IA
Apesar das oportunidades, o tema IA sempre vem acompanhado da discussão sobre eventuais riscos. Para Rubia Coimbra, da Cloudera, ainda há um problema na confiabilidade dos dados coletados no universo da IA, e este é "um risco enorme que tem que ser endereçado". Ela acrescentou que a falta de capacitação ainda é um obstáculo para a governança dos dados da IA, o que tem reforçado a necessidade de iniciativa de treinamentos nas empresas.
Governança de dados também é um tema de preocupação para Marcelo Lima, da IBM. Segundo ele, é necessário separar bem a IA de uso amplo da IA para negócios, a fim de evitar problemas no uso dos dados pessoais de clientes.
"Costumamos falar que a IA não conhece a LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados], então tem a importância da governança dos dados, de quem pode acessá-los nas empresas, por que e como. A governança forte de dados que tem nos bancos hoje é fundamental", afirmou.
Quer dar uma nota para este conteúdo?