MRV (MRVE3) 1T25: incorporação doméstica em ritmo forte, mas discussões sobre alavancagem e operações internacionais seguem na pauta
Equipe do BB analisa resultado da MRV (MRVE3)
Publicado por: Análise BB
7 minutos
Publicado em
09/05/2025 às 16:37
Atualizado em
15/05/2025 às 11:19
A MRV apresentou números mistos no 1T25, ao nosso ver. A operação de incorporação no Brasil foi responsável pelo total de lançamentos no 1T25 da companhia, com um valor geral de vendas potencial (VGV) de R$ 2,88 bilhões (+81% a/a, -1,6% t/t). A companhia também registrou um volume de líquidas consolidadas de R$ 2,19 bilhões no trimestre (+2,3% a/a, -23,8% t/t), com uma pequena contribuição de R$ 26,6 milhões (+111% a/a) de vendas pela Urba, braço que atua no segmento de loteamentos do grupo. Além disso, a companhia informou um volume de R$ 320 milhões relativos a unidades já vendidas, mas ainda não repassadas até o final do trimestre em função de atrasos em alguns programas regionais, e que vêm sendo gradativamente solucionados ao longo do 2T25. Os demais segmentos explorados pela companhia, como a Luggo e a Resia, não apresentaram vendas no período.
A receita operacional líquida alcançou R$ 2,18 bilhões (+17,5% a/a, -1% t/t), contribuindo para um crescimento do lucro bruto aos R$ 644 milhões (+34,2% a/a, +8,6% t/t), com uma significativa melhora na margem bruta aos 29,6% (+3,7 p.p. a/a, +2,6 p.p. t/t), sinalizado um momento de atividade operacional positivo pela companhia. Em relação às despesas com vendas, gerais e administrativas, o resultado foi de R$ -398 milhões (+15,1% a/a, +8,5% t/t), embora tenha representado uma melhor diluição em relação à receita líquida, aos 17,4% (contra 18,1% no 1T24). Houve ainda um impacto na linha de outras despesas operacionais líquidas, no montante de R$ 209,6 milhões, classificada como reconhecimento de perda por redução ao valor recuperável, ou impairment, relativa a um empreendimento e dois terrenos de propriedade da Resia que foram vendidos em evento subsequente já no 2T25. Essas vendas ocorreram como parte do plano de desinvestimento de ativos na subsidiária norte americana, que prevê arrecadação de US$ 800 milhões até o final de 2026. O valor de venda desses 3 ativos foi de US$ 71 milhões, que devem gerar US$ 66 milhões de caixa no 2T25 e outros US$ 5 milhões em parcelas futuras ainda sem detalhamento. Em função dessas despesas, a linha de lucro operacional antes do resultado financeiro (EBIT) fechou em R$ -18 milhões, primeiro trimestre em patamar negativo desde o 4T23.
Com uma situação de endividamento ainda pesada, a linha de resultado financeiro também trouxe impactos negativos, encerrando aos R$ -307 milhões (-29% a/a, -75% t/t), puxada tanto por maior dispêndio com juros, como por despesa de venda de carteira. Dessa forma, mesmo o forte ritmo operacional da MRV Incorporação não foi suficiente para evitar o sétimo registro trimestral de prejuízo líquido, encerrando em R$ 359 milhões 1T25 (+112% a/a, +44% t/t).
Considerando todo o endividamento da MRV&Co, a dívida líquida atingiu R$ 6,3 bilhões (+16,3% a/a, +2,6% t/t) ao final do 1T25, representando 90,9% do patrimônio líquido da companhia, um dos níveis mais elevados dentre as empresas do setor listadas. Entretanto, conforme comentamos nas sessões anteriores, as operações domésticas da companhia permanecem aquecidas, e contam com um resultado a apropriar (REF) de R$ 1,86 bilhão (+62% a/a), com margem REF de 43,7% (+2,7 p.p. a/a), que contribuirão com os resultados dos próximos trimestres à medida que as respectivas obras avançam, e tendem a auxiliar em conjunto com o recebimento das vendas de ativos da Resia, no processo de gradual desalavancagem da companhia.

Desempenho da ação. As ações da MRV avançam de 16% em 2025 até ontem (08), mas ainda acumulam baixa de 17% na janela de 12 meses. Tal performance acompanha, ao nosso ver, (i) a manutenção de um elevado endividamento ao longo dos últimos exercícios, (ii) os desafios enfrentados pela companhia para voltar a gerar caixa de maneira consistente, mesmo com frequentes vendas de recebíveis, bem como (iii) as incertezas com relação ao cenário de juros norte-americano, que influencia diretamente a capacidade da Resia de reciclar seus ativos e no processo decisório de novos projetos. Acreditamos que essas incertezas tendem a diminuir à medida que a companhia avança em seu plano de desinvestimento de ativos da Resia, deixando sua operação internacional mais leve, com consequente redução da alavancagem do grupo e potencial limitação dos impactos da linha de resultado financeiro. Contudo, a melhora dos resultados das operações internacionais da companhia depende em certo grau, de condições macroeconômicas globais, que podem ou não convergir no curto/médio prazo para um cenário mais favorável e de melhor absorção de seus produtos. Tudo isso tem sido levado em conta pelos investidores no processo de precificação das ações, resultando em uma volatilidade mais acentuada que a média do setor, bem como uma percepção de maior nível de risco atrelada a essa exposição. No entanto, é justo comentar que a atividade operacional do segmento de incorporação doméstico da MRV apresenta números pujantes, com margens elevadas e bom ritmo de vendas, se mostrando capaz de dar continuidade à rolagem das dívidas vigentes em condições competitivas até que haja uma melhor convergência de fatores entre as linhas de negócios da companhia.
Dessa forma, mantemos a nossa recomendação de Compra e preço alvo em R$ 14,00 para final de 2025.

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