forno de derretimento de metal acesso

Gerdau (GGBR4) 1T25: neutro, com forte desempenho na América do Norte e números abaixo do esperado no Brasil

No 1T25, a companhia reportou um resultado consolidado neutro, com desempenho misto entre as diferentes regiões, que possibilitou a estabilidade do EBITDA ajustado e da margem

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura4 minutos

Atualizado em

29/04/2025 às 16:49


No 1T25, a Gerdau reportou um resultado consolidado neutro, em nossa opinião, com desempenho misto entre as diferentes regiões, que possibilitou a estabilidade do EBITDA ajustado e da margem EBITDA ajustada em relação ao 4T24, em R$ 2,4 bilhões e 13,8%, respectivamente. A melhora do resultado financeiro, que foi negativo em R$ 308 milhões (ante R$ 628 milhões negativos no 4T24), justificada principalmente pela valorização do real em relação ao dólar, contribuiu para que o lucro líquido ajustado por efeitos não recorrentes fosse de R$ 758 milhões, que representa um incremento de 13,7% t/t.

A ON América do Norte surpreendeu positivamente, com incremento de 14,7% t/t nos volumes de vendas, refletindo tanto a sazonalidade mais forte em relação ao último trimestre do ano, como também a maior demanda nos Estados Unidos em reação às tarifas de importação anunciadas e efetivamente implementadas no mês de março, que levaram a uma maior estocagem de aço na cadeia produtiva desde o início do ano. Segundo a companhia, apesar do cenário ainda incerto à frente, a demanda segue firme e a carteira de pedidos na região encerrou o 1T25 no nível mais elevado desde 2022, bem como houve uma maior procura por produtos de maior valor agregado, principalmente pelos setores de construção civil não-residencial e energia solar, o que favoreceu a receita líquida por tonelada em US$ (+1,5% t/t). Além disso, o custo por tonelada em US$ teve redução de 2,9% t/t, principalmente pelo incremento de volumes, que compensou a elevação dos preços de sucata. Assim, o EBITDA ajustado da ON avançou 47,4% t/t para R$ 1,2 bilhão, e a margem EBITDA ajustada teve ganho de 2,9 p.p. t/t para 13,7%.

Por outro lado, os números da ON Brasil vieram abaixo do esperado. Os volumes se mantiveram estáveis em relação ao patamar sazonalmente mais fraco do 4T24, e a receita líquida por tonelada teve queda de 3,7% t/t, justificada pela companhia como reflexo principalmente do aumento das importações, que pressionaram os preços. Adicionalmente, apesar da redução de 10% t/t nos preços de sucata e energia elétrica, os custos por tonelada avançaram 2,7% t/t, impactados pela parada para manutenção. Como resultado de todos esses fatores, o EBITDA ajustado da ON teve queda de 23,4% t/t e ficou em R$ 1,05 bilhão, e a margem EBITDA ajustada recuou 3,6 p.p. t/t para 14,1%.

Após a recuperação sequencial observada ao longo de 2024, o volume de vendas da ON América do Sul teve queda de 12,6% t/t, como reflexo da redução das vendas no Peru após antecipação observada no 4T24, e pela demanda ainda fraca e alta competição com aço importado na Argentina, que também afetaram os preços da commodity no país (-US$ 90/tonelada t/t) e, consequentemente, a receita líquida/tonelada da empresa (-20,2% t/t) e o EBITDA ajustado (-16,9% t/t para R$ 188 milhões, com manutenção da margem EBITDA ajustada em 13,8%. As perspectivas seguem negativas na região, já que, segundo a companhia, a paralisação de obras públicas no Uruguai pode começar a afetar a demanda de aço no país.

Endividamento e alavancagem

Mesmo com a valorização cambial, o incremento de R$ 1,2 bilhão em novos empréstimos levou a um novo avanço na dívida bruta, que atingiu R$ 14,5 bilhões (ante R$ 13,7 bilhões no 4T24), enquanto a posição de caixa reduziu R$ 1,4 bilhão no período, em razão do incremento em capital de giro e do maior desembolso para investimentos, de R$ 1,8 bilhão, que além do capex do 1T25, também incluiu o pagamento de imobilizações realizadas no trimestre anterior. Assim, a dívida líquida avançou para R$ 7,6 bilhões (ante R$ 5,4 bilhões no 4T24), e a alavancagem financeira passou de 0,48x dívida líquida/EBITDA no 4T24 para 0,69x no 1T25. Vale pontuar que este indicador permanece abaixo do limite estabelecido pela companhia de 1,5x, mas a dívida bruta continua acima do limite nominal de longo prazo da companhia, de R$ 12 bilhões, desde o 2T24. A companhia reiterou que este patamar foi definido em outro contexto de mercado (2018), e que tanto o prazo da dívida como o nível de alavancagem estão adequados, mas seguimos monitorando sua evolução.

Dividendos e recompra de ações

Junto com a divulgação do resultado, a Gerdau anunciou a aprovação da distribuição de R$ 244 milhões em dividendos (equivalentes a ~R$ 0,12/ação e a um yield de 0,7%) a serem pagos em 19/05 (data ex-dividendos em 09/05). Além disso, a companhia desembolsou R$ 444 milhões para recompra de ações até o dia 11/04, que representa um avanço de 44% de seu programa de recompra iniciado em janeiro/252. Segundo a empresa, as recompras devem acelerar e seguir como principal forma de retorno de caixa aos acionistas, dada a desvalorização recente de seus papéis, e deverão ser constantemente consideradas como uma alternativa de alocação de capital, principalmente na falta de visibilidade atrativa de retorno em outros investimentos.

Desempenho da ação e perspectivas

Os papéis GGBR4 seguem com fraco desempenho no ano, refletindo a cautela dos investidores com a rentabilidade futura da companhia, tanto na ON América do Norte, já que a adoção de tarifas de importação pelos EUA aumenta as incertezas sobre o nível de crescimento da economia do país e, consequentemente, sobre o patamar de demanda de aço na região, como na ON Brasil, dado o ambiente competitivo mais acirrado pelo contínuo incremento das importações de aço.

Em teleconferência de resultados realizada nesta tarde (29), a companhia compartilhou uma perspectiva positiva com relação demanda nos EUA, considerando o desempenho de seu nicho de mercado, que tem sustentado sua carteira de pedidos robusta e deve continuar saudável mesmo após o movimento de estocagem observado desde a mudança da política comercial no país.

Já no Brasil, o cenário se mostra mais desafiador, e há incertezas sobre como ficarão as medidas de proteção adotadas pelo país no ano passado, que além de não terem sido efetivas, têm validade no próximo mês de maio, e a companhia espera que novas medidas sejam implementadas. Enquanto isso, segue com seus esforços para ganho de eficiência e aumento de competitividade, mas não descarta novas adequações de suas operações no país caso este cenário se agrave. Por fim, adiantou que o nível de investimentos para os próximos anos será certamente inferior ao patamar de R$ 5 a 6 bilhões anuais planejados anteriormente, o que entendemos como positivo diante do cenário mais difícil para o setor à frente. Além disso, a Gerdau cancelou os investimentos em expansão no México, que embora não estivessem contemplados no capex atual, tinham sido anunciados pela companhia no ano passado, mas deixaram de ser atrativos para a empresa, que acredita que haverá uma reconfiguração da indústria automotiva global.

Apesar de todas as incertezas envolvidas no curto prazo, por ora, nossa visão positiva sobre a companhia permanece em função das estratégias adotadas, que continuam se mostrando adequadas para o cenário atual, o que, somado à sua disciplina financeira, pode se traduzir em resultados satisfatórios à frente e, junto com o retorno de caixa potencial aos acionistas, contribuir para valorização de suas ações. Assim, tudo considerado, e até incorporarmos os resultados recentes em nosso modelo financeiro, reiteramos nossa recomendação de Compra para GGBR4 e nosso preço-alvo 2025e de R$ 24,00.

Disclaimer

Este é um relatório público e foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. (“BB-BI”). As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes fidedignas e de boa-fé, tendo sido tomadas medidas razoáveis para assegurar sua exatidão no momento de publicação. Contudo, o BB-BI não garante que tais dados sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade dessas informações. Todas as opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e derivam do julgamento de nossos analistas de valores mobiliários (“analistas’), podendo ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. O BB-BI não garante o lucro e não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas nesse material, que tem por finalidade apenas informar e servir como instrumento que auxilie a tomada de decisão de investimento, não devendo ser interpretado como material promocional, recomendação, oferta ou solicitação de oferta para comprar ou vender quaisquer títulos e valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. Investimentos nos mercados financeiros e de capitais estão sujeitos a riscos de perda superior ao capital investido. A rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Nos termos do art. 22 da Resolução CVM 20/2021, o BB-BI, em conjunto com o Conglomerado Banco do Brasil S.A. (“Grupo”), declaram que (i) podem ser remunerados por serviços prestados ou possuir relações comerciais com a(s) empresa(s) analisada(s) neste relatório ou com pessoa natural ou jurídica, fundo ou universalidade de direitos, que atue representando o mesmo interesse dessa(s) empresa(s); (ii) podem possuir participação acionária direta ou indireta, igual ou superior a 1% do capital social da(s) empresa(s) analisada(s), e poderão adquirir, alienar ou intermediar valores mobiliários da(s) empresa(s) no mercado.

Disclaimer

Este é um relatório público e foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. (“BB-BI”). As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes fidedignas e de boa-fé, tendo sido tomadas medidas razoáveis para assegurar sua exatidão no momento de publicação. Contudo, o BB-BI não garante que tais dados sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade dessas informações. Todas as opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e derivam do julgamento de nossos analistas de valores mobiliários (“analistas’), podendo ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio. O BB-BI não garante o lucro e não se responsabiliza por decisões de investimentos que venham a ser tomadas com base nas informações divulgadas nesse material, que tem por finalidade apenas informar e servir como instrumento que auxilie a tomada de decisão de investimento, não devendo ser interpretado como material promocional, recomendação, oferta ou solicitação de oferta para comprar ou vender quaisquer títulos e valores mobiliários ou outros instrumentos financeiros. Investimentos nos mercados financeiros e de capitais estão sujeitos a riscos de perda superior ao capital investido. A rentabilidade passada não é garantia de rentabilidade futura. Nos termos do art. 22 da Resolução CVM 20/2021, o BB-BI, em conjunto com o Conglomerado Banco do Brasil S.A. (“Grupo”), declaram que (i) podem ser remunerados por serviços prestados ou possuir relações comerciais com a(s) empresa(s) analisada(s) neste relatório ou com pessoa natural ou jurídica, fundo ou universalidade de direitos, que atue representando o mesmo interesse dessa(s) empresa(s); (ii) podem possuir participação acionária direta ou indireta, igual ou superior a 1% do capital social da(s) empresa(s) analisada(s), e poderão adquirir, alienar ou intermediar valores mobiliários da(s) empresa(s) no mercado.

Quer dar uma nota para este conteúdo?

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência e personalizar os conteúdos de acordo com a nossa Política de Privacidade.