caminhões de transporte se movimentando em rodovia

CCR no 4T24. Confira análise do BB-BI

Resultado da CCR no 4T24 foi positivo, segundo o BB-BI.

Publicado por: Análise BB

conteúdo de tipo Leitura5 minutos

Atualizado em

07/02/2025 às 15:48


A CCR apresentou um resultado majoritariamente positivo, em nossa opinião, com avanços operacionais em todas as unidades de negócio, embora sua principal fonte de receita – Rodovias – tenha sido impactada pelo menor fluxo de veículos pesados e tenha apresentado crescimento abaixo do esperado. Embora tenham menor relevância no balanço, Mobilidade Urbana e Aeroportos foram destaque positivo, com aumento do fluxo de passageiros e reajustes tarifários.

A companhia anunciou também mudanças importantes em seu portfólio durante o trimestre: (i) a adição de duas novas concessões: Rota Sorocabana e Lote 3 do Paraná; (ii) o desinvestimento da operação de Barcas; e (iii) a repactuação da MSVias, que terá nova licitação no 1S25. Além disso, concluiu a aquisição de participação em algumas SPEs da Neoenergia que possibilitarão a autoprodução de energia para redução de custos. Consideramos que tais mudanças são passos importantes no caminho para o reperfilamento de risco do portfólio e para a redução de 3 p.p. no índice de eficiência Opex Caixa/Receita Líquida Ajustada, hoje em 41%, até 2026, conforme estratégia declarada da companhia.

Não obstante os desafios esperados para o ano, com o aumento do nível de capex obrigatório trazido pelas novas concessões e pelo elevado custo de capital esperado para 2025, entendemos que as receitas trazidas pelos novos projetos mais do que compensarão os investimentos e que a companhia terá disciplina em sua gestão de capital. Portanto, consideramos um balanço de riscos equilibrado. Sendo assim, reiteramos recomendação de compra para CCRO3, com preço-alvo de R$ 17,50 para o final de 2025.

No consolidado, a CCR apresentou crescimento de 9,2% na Receita Líquida Ajustada, 5,2% no EBITDA Ajustado e queda de 8,6% no Lucro Líquido Ajustado na comparação a/a. A Alavancagem avançou 0,3x e encerrou o período em 3,3x Dívida Líquida / EBITDA UDM.

Rodovias

O tráfego consolidado de veículos em Rodovias teve crescimento modesto de 1,1% a/a, impactado pelo fluxo abaixo do esperado de veículos pesados, devido principalmente ao menor escoamento de grãos pelas vias concessionárias da companhia nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, importantes rotas para o escoamento de commodities agrícolas, porém, compensado parcialmente pelo fluxo de veículos leves, impulsionado principalmente pelo turismo regional. O crescimento do tráfego anual abaixo do PIB no mesmo período é um sinal amarelo, em nossa visão. Entretanto, acreditamos que melhores condições climáticas em 2025 deverão renovar o fôlego para o transporte de grãos e, consequentemente, normalizar a trajetória de crescimento do fluxo nas rodovias.

No aspecto financeiro, as receitas de pedágio cresceram acima da inflação, impulsionadas pelos reajustes tarifários implementados no período. Na linha de custos, destaque para a queda significativa na linha de pessoal e outros custos, devido à maior eficiência na alocação de mão-de-obra de engenharia e à desmobilização de pessoal na ViaOeste, que terá seu vencimento em março/25 e que será parcialmente substituída pela recém adquirida Rota Sorocabana, cujo leilão foi vencido pela CCR em outubro/24. Houve avanço de 5,6% no EBITDA Ajustado do segmento e expansão de 0,6 p.p. na respectiva margem, ambos na comparação a/a.

Mobilidade Urbana

Em Mobilidade Urbana, houve crescimento consolidado de 7,6% a/a no número de passageiros transportados. Avanço satisfatório, em nossa opinião, que foi impulsionado principalmente pelo desempenho do Metrô Bahia, com a adição de duas novas estações, e pelo VLT Carioca, devido à inauguração do Terminal Intermodal Gentileza (TIG), que criou conexão entre os sistemas BRT (ônibus de alta capacidade operando em faixas exclusivas) e de ônibus municipais. Pelo lado negativo, destacamos o sistema de Barcas – sistema esse, entretanto, que a partir de 11 de fevereiro não terá mais a CCR como operadora, representando um importante desinvestimento para a companhia – e a queda relevante nas receitas de ativo financeiro quando comparadas ao 3T24, trimestre esse que teve efeitos positivos não recorrentes de reequilíbrios relacionados à pandemia e que, portanto, não representam boa base de comparação. Realizando os devidos ajustes financeiros, a unidade teve crescimento de 11,9% a/a no EBITDA Ajustado e adição de 0,3 p.p. na respectiva margem.

Aeroportos

Embora tenha menor representatividade no balanço, a unidade de Aeroportos foi destaque positivo no trimestre, em nossa opinião, com crescimento significativo de passageiros embarcados, especialmente no mercado doméstico, puxado pelo BH Airport, devido a incentivos e descontos oferecidos pelo governo do estado no Querosene de Aviação (QAV) que proporcionaram maior oferta de voos na região. Tais incentivos, porém, não têm caráter permanente e podem ser revertidos no futuro. Não obstante, houve crescimento significativo também nos aeroportos internacionais, com maior ocupação das aeronaves e maior frequência de decolagens. Aos pontos mencionados, adiciona-se os reajustes tarifários do período e, assim, a Unidade encerra o trimestre com crescimento de 33% a/a no EBITDA Ajustado e ganho de 2,4 p.p. na respectiva margem.

Desempenho das ações

A CCR tem apresentado desempenho abaixo do Ibovespa nos últimos 12 meses, -16% contra -4%. Os principais fatores que explicam tal desempenho podem ser resumidos no risco inerente que a companhia possui ao fazer uso intensivo de capital para financiar seus projetos, característica natural de seu negócio. Entretanto, devido ao ciclo de alta de juros no Brasil, o custo do capital tem se elevado significativamente e a sensibilidade dos resultados da empresa à variação da taxa de juros tem se intensificado com o aumento da pressão das despesas financeiras e com o maior risco de liquidez, dado seu alto nível de alavancagem. Aliado a isso, a expectativa de que os juros restritivos resultarão, em algum momento, em redução da atividade econômica e, por consequência, em redução do fluxo de veículos e passageiros nos modais logísticos que a companhia opera, adicionam maior grau de cautela aos investidores – embora a CCR possua fatores de mitigação desse risco na maioria de seus contratos.

Disclaimer

Este é um relatório público e foi produzido pelo BB-Banco de Investimento S.A. (“BB-BI”). As informações e opiniões aqui contidas foram consolidadas ou elaboradas com base em informações obtidas de fontes, em princípio, fidedignas e de boa-fé. Embora tenham sido tomadas todas as medidas razoáveis para assegurar que as informações aqui contidas não sejam incertas ou equivocadas, no momento de sua publicação, o BB-BI não garante que tais dados sejam totalmente isentos de distorções e não se compromete com a veracidade dessas informações. Todas as opiniões, estimativas e projeções contidas neste documento referem-se à data presente e derivam do julgamento de nossos analistas de valores mobiliários (“analistas’), podendo ser alteradas a qualquer momento sem aviso prévio, em função de mudanças que possam afetar as projeções da empresa, não implicando necessariamente na obrigação de qualquer comunicação no sentido de atualização ou revisão com respeito a tal mudança. Quaisquer divergências de dados neste relatório podem ser resultado de diferentes formas de cálculo e/ou ajustes. O Disclaimer completo encontra-se no relatório.

Quer dar uma nota para este conteúdo?

Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência e personalizar os conteúdos de acordo com a nossa Política de Privacidade.