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Carreira de economista tem a ver com investimentos, mas vai além

Profissional estratégico no mercado, o economista pode ser também um formulador de políticas públicas

Publicado por: Broadcast Exclusivo

conteúdo de tipo Leitura6 minutos

Atualizado em

04/07/2024 às 12:26

Por Adriana Chiarini, do Broadcast

Economia é um curso universitário com amplas possibilidades de emprego. Na consolidação das leis sobre a profissão no site do Conselho Federal de Economia, a lista das atividades de um economista é longa. De uma forma muito resumida, pode-se dizer que esses profissionais são preparados para trabalhar no desenvolvimento de análises e estratégias, não só econômicas e financeiras, mas em todas as áreas em que é importante avaliar os custos, os benefícios, a relação entre eles e os riscos envolvidos.

O coordenador da graduação em Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) no Rio de Janeiro , José Féres, destaca a parte de desenvolvimento de estratégias e gerenciamento de risco. "Há outros profissionais que fazem precificação de ativos e valoração de empresas, o 'valuation', mas os economistas têm facilidade para isso e acredito que levam vantagem em gerenciamento de risco, por exemplo", diz ele.

Sim, muitos economistas encontram emprego no mercado financeiro, mas também no governo, em órgãos responsáveis pela condução da política macroeconômica, na concepção e gestão de políticas públicas, em agências reguladoras e em institutos de pesquisa, como explica o site da PUC-Rio.

As duas escolas têm tradição em formuladores de política econômica, com participação ativa na elaboração do sistema de metas de inflação implantado no Brasil em 1999 e também no Plano Real, que derrubou a hiperinflação 30 anos atrás.

Qual o perfil de economista que o mercado tem buscado?

O perfil demandado pelo mercado tem mudado, segundo Féres. A exigência por uma formação com métodos quantitativos e uma boa base matemática é tradicional em Economia, mas está ainda maior com a evolução tecnológica. Os alunos atualmente aprendem a desenvolver algoritmos e programação, principalmente na linguagem Python, para análise de crédito e robôs para negociação, por exemplo. Blockchain e criptomoedas também são relativamente recentes e de grande importância econômica.

Os economistas agora precisam também avaliar os custos ambientais e sociais porque a agenda ESG (de boas práticas em meio ambiente, impacto social e de governança corporativa) fazem parte da valoração de uma empresa. "Os passivos ambientais podem colocar uma empresa em risco", observa ele, destacando ainda as chamadas finanças verdes, como fundos de investimento e títulos de dívida (bonds) relacionados a critérios de sustentabilidade.

O perfil do estudante de economia também mudou, segundo o professor. "Quando me formei, ninguém queria abrir seu próprio negócio e atualmente vários estudantes querem", cita o professor, completando que "eles sonham em ter suas startups, que podem também fazer parte do mercado financeiro e ter apoio de instituições financeiras".

Como o economista pode ajudar o investidor comum?

Os economistas são profissionais importantes e polivalentes no mercado financeiro, ocupando várias funções. Uma delas, de destaque, é a de economista-chefe. Ele comanda o departamento econômico ou de pesquisa econômica de bancos, corretoras e em algumas consultorias especializadas, orientando outros economistas da equipe para a elaboração de análises e cenários macroeconômicos. Em outras palavras, isso significa relacionar entre si diversas variáveis na economia como inflação, juros, câmbio, crescimento econômico, emprego, entre outras, e traçar projeções que vão dar o norte para o investidor compreender a conjuntura de momento e tomar suas decisões financeiras.

O economista-chefe também é o porta-voz da instituição sobre esses temas. O departamento chefiado pelo economista-chefe produz relatórios, boletins e documentos que apoiam gestores de produtos financeiros, que por sua vez, se relacionam com os clientes para ajudá-los a montar a estratégia de investimento conforme seus objetivos.

Os economistas podem também apoiar empresas em emissões de ações, títulos privados, gestão patrimonial, fusões e aquisições, análise de crédito, área de relações com investidores, compliance e gestão de risco... São muitas as atividades de um economista, dentro e fora do banco.

Para os clientes, os economistas prestam assessoria econômica com a publicação de estudos e relatórios e participam de eventos. Internamente, a principal responsabilidade é elaborar cenários econômicos que vão nortear inúmeros processos internos, tais como a construção dos orçamentos corporativos, a gestão do risco das carteiras de crédito e a construção de estratégias de tesouraria visando remunerar a liquidez do banco, como explica Marcelo Rebelo, economista-chefe do Banco do Brasil.

"Nesse sentido, ter uma boa capacidade de comunicação, compreender a dinâmica econômica, acompanhar e antecipar eventos que possam afetar a economia e os mercados é algo que faz parte da rotina diária. Para viabilizar isso, além da sólida formação acadêmica, o economista deve buscar constantemente aprimorar seus conhecimentos, atualizando-se e tendo contato com métodos inovadores de análise econômica, sobretudo ligados a análise de dados", afirma.

Rebelo entrou como bancário em 2000, numa agência de varejo do Rio de Janeiro, e em 2008 passou em um processo seletivo para a BB Asset, para trabalhar com Pesquisa Econômica. "Acho que foi uma decisão acertada: aprendi muito lá e tive a oportunidade de me qualificar, finalizando um mestrado em Economia pelo Ibmec com especialização no exterior, tudo com incentivo do BB."

Ele também trabalhou no segmento comercial, como especialista em estratégias de investimentos, período em que diz ter crescido profissionalmente com a prática diária de tentar interpretar e antecipar movimentos de mercado. Em 2021, foi convidado a assumir o cargo de economista-chefe do BB.

Além do diploma em Economia, se o profissional quiser se especializar, pode procurar uma área de interesse e obter a respectiva certificação requerida pelo órgão regulador do mercado de capitais brasileiro, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), para aquela função. As principais certificações do mercado financeiro brasileiro são emitidas pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a Associação Nacional das Corretoras de Valores (Ancord), a Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) e a Planejar.

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